Crônica da cidade – Belém que me emociona

Crônica da cidade – Belém que me emociona
  27 de março de 2019
Coordenação de textos: Antonio Carlos Pimentel / Redação: Sue Anne Calixto / Fotos: Fernando Sette Câmara – Todos os direitos reservados / All rights reserved

Certa vez vi um “post” no Facebook que falava sobre duas grandes emoções que o povo paraense vive: quando sai o listão da UFPA e a época do Círio de Nazaré.

Fiquei com isso na cabeça.. Claramente, são duas coisas distintas mas..

Primeiro eu vou falar do Círio, como uma das maiores festas religiosas do mundo. É incrível como a cidade fica diferente em outubro. Parece que a energia muda, sabe. E quando vai se aproximando o segundo domingo de outubro, tudo fica ainda mais intenso.

As peregrinações principais sãos as que acontecem no final de semana do segundo domingo de outubro. No sábado à noite a imagem peregrina sai do colégio Gentil até a Igreja da Sé. É uma coisa linda de se ver, linda e emocionante. No dia seguinte, bem cedinho, a Imagem faz o caminho inverso.

É um mar de gente! Tem gente na corda, fazendo o percurso de joelho, pagando promessa, agradecendo as graças recebidas. A população se emociona, chora, e vive o Círio. Até quem vem de fora se encanta e se comove.

De fato, o Círio é uma das enormes emoções que o povo paraense vive.

E também tem listão do vestibular. Lembro de quando ainda estava lá pelo ensino fundamental e descobrindo o que era o vestibular. Todo o final do ano era aquela festa no dia do listão. A escola ficava com cheiro de ovo, os estudantes choravam, escreviam a palavra “burro”na testa, ficavam sujos de ovo, trigo, colorau e qualquer coisa que pudesse ser usada para sujar ainda mais. Todo mundo rindo, se abraçando e chorando.

E não podemos esquecer da musiquinha do Pinduca, que tocava repetidas vezes.

“Alô alô alô papai, alô mamãe, põe a vitrola pra tocar, podem soltar foguetes que eu passei no vestibular”.

Isso tudo sempre mexeu comigo.. O vestibular é aquela realização de um sonho, né? Nem um sonho apenas do estudante, mas de toda uma família. É a vitória depois de um ano inteiro de esforços.

Antes mesmo antes de prestar vestibular eu já me emocionava e me arrepiava com o dia do listão. Escutar os fogos pela cidade, os estudantes no porta-mala do carro.

Quando eu fiz vestibular, então. Eu senti o que aquilo significava e percebi o quanto era gratificante escutar o nome nesse listão.

Hoje, anos depois de ter vivido isso, ainda gosto de escutar na rádio o listão e ver as pessoas comemorando esta realização. A música do Pinduca ainda me arrepia e emociona toda vez. Dá até vontade de fazer vestibular todo ano.

Foi aí que entendi o que aquele post quis dizer: o Círio e o listão da UFPA tratam de emoções diferentes, com intensidades diferentes. E mesmo sendo dois eventos completamente distintos, são capazes de trazer uma comoção aos paraenses.

Ambos fazem chorar, emocionam e arrepiam. Arrancam sorrisos e expandem gratidão. Alteram a energia da cidade, porque em todos os cantos é possível saber o que está acontecendo. Trazem memórias e lembranças.

E vale lembrar que inúmeras promessas são feitas no Círio para se tornarem realidade em janeiro, no ano posterior. Eu própria já pedi e realizei.

E na verdade, mesmo que se tente explicar o que esses momentos significam, é algo que só quem vive aqui pode entender.