Tem um dia em Belém só para comemoração. Isso porque nas rádios, em vez das notícias cotidianas com as quais todos já estamos acostumados, são lidos diversos nomes. Nomes diferentes, nomes engraçados, nomes comuns, nomes complicados de se pronunciar. Nomes que por trás têm uma história que apenas os donos e suas famílias conhecem. Nomes daqueles que escolheram lutar por um caminho diferente, lutar pela educação.
A verdade é que o resultado de um vestibular conta muito mais que os nomes que estarão dentro de uma universidade nos próximos 4, 5 ou 6 anos. O listão da UFPA fala de sonhos, de metas, de lutas e de dificuldades. Conta sobre um ano difícil, de estudo, de cansaço, de um “não desistir”, de uma luta que tinha por objetivo apenas isso, escutar o nome numa rádio, para então comemorar, cada qual com seu sonho, luta e razão.
E por um dia, em todos os cantos da cidade, a gente enxerga choro, gritos e fogos. E dessa vez isso não representa tristeza ou uma fatalidade. Significa que pessoas decidiram lutar pelos seus sonhos. E conseguiram.
Nesse dia, as famílias se reúnem em uma só felicidade. Os pais choram de orgulho e percebem que todo o esforço dedicado em prol da educação dos filhos valeu a pena.
É aquele dia em que só o que vemos é festa, com sorrisos, abraços e amor. Uma mistura de ovos, trigo, colorau, e tudo o mais o que estiver na cozinha, porque o importante é se sujar. É dia de escrever “BURRO” na testa e mostrar a todos qual foi o curso que escolheu para viver a vida. O dia do churrasco, de chamar todo mundo, de comemorar. O dia em que os jovens resolvem sair no porta-malas de um carro, gritando aos quatro cantos que a missão foi cumprida.
O dia em que as escolas do Estado têm palco, têm show, têm música e muita festa. Que os professores entendem todo o significado que representam na formação de pessoas e profissionais, e quando os esforços vivenciados durante toda a jornada faz valer a pena, por cada abraço sujo e com cheiro de ovo, que demonstram uma eterna gratidão.
O dia em que as redes sociais mostram a realidade. Ninguém se preocupa em sair bonito ou arrumado, porque dessa vez a essência é diferente. A foto só está ali para demonstrar que foi possível, sim.
E dentre as histórias dos nomes que escutamos nas rádios esse dia, vimos uma jovem comemorando na garupa de uma bicicleta, outra que foi toda suja de ovo até a farmácia para agradecer a mãe, um ribeirinho que conseguiu a sua desejada aprovação, um jovem que lutou por sete anos para conseguir passar em medicina, um que teve que vender o celular para conseguir pagar parte de um cursinho, e mães adolescentes que conseguiram provar a quem duvidava que aquele listão seria delas também. Os nomes dessa vez mostraram que a universidade é pública, e de todos e todas que quiserem e lutarem.
Sinto gratidão por viver em uma cidade em que o dia do resultado do vestibular faz todos sorrirem, mesmo sem estarem diretamente envolvidos com a situação. Duvido você ser paraense e não se arrepiar ao escutar a música que o Pinduca fez e que representa tanto.
“Alô Alô Alô, papai, alô, mamãe, põe a vitrola pra tocar, pode soltar foguete que eu passei no vestibular.”