Imaginem uma sala de cinema. Pensem na quantidade de pessoas que diariamente passam por lá. Quantos filmes foram exibidos naquelas telas, com diferentes narrativas e ensinamentos. Quantas lágrimas, quantos risos, quantos múltiplos sentimentos aquelas telas puderam transmitir aos seus espectadores. E por fim, pensem na quantidade de pessoas que se misturam naquelas salas, cada qual com as suas histórias, os seus motivos, as suas vidas. Dando uma pausa na correria do dia a dia para relaxar, e por algumas horas viver em um outro contexto, através de uma tela.
Belém tem a sorte de ter o cinema mais antigo em funcionamento do país. Ali, no meio do caos do cotidiano, próximo a uma das praças mais visitadas da cidade, em uma esquina da Presidente Vargas. O Cine Olympia está ali, como um espaço cultural da cidade, prestes a completar os seus 107 anos de existência.
Me pego pensando no tanto de história que cabe nesses 107 anos. Quantos casais iniciaram o seu romance em um passeio naquele cinema, ou quantos tiveram o seu último encontro naquela sala. Quantas famílias puderam se reunir em um domingo à tarde para assistir a algum filme, ou quantas pessoas foram sozinhas com a intenção de curtir a própria companhia. Quantos grupos de amigos resolveram que o passeio ideal seria assistir a um filme na sala de cinema mais antiga da cidade.
Sobre os filmes que passam naquelas telas, em sua grande parte não são os filmes que vão para os cinemas tradicionais (esses que temos nos shoppings), mas sim os mais variados tipos de obras, com as mais variadas histórias e de autores por muitas vezes desconhecidos. Os filmes retratados nestes cinemas vão além de um mero divertimento. Têm por intuito fazer pensar e mostrar os mais variados artistas da chamada sétima arte.
Inclusive, em uma das vezes que fui ao local foi para assistir aos curtas finalistas de um prêmio para jovens universitários. Penso na emoção que aqueles jovens sentiram ao ver seus pequenos filmes sendo transmitidos em uma sala de cinema que carrega os seus mais de 100 anos de história.
Acredito que os filmes têm o poder de fazer sentir um turbilhão de sentimentos. Do choro ao riso, da raiva ao desejo. Um filme pode te marcar e te ensinar. Quantas pessoas não tatuam em sua pele alguma frase vista em um filme.
E além disso, por muitas vezes ter o brilhantismo de assistir em uma tela a uma história que de fato aconteceu, com as suas adaptações sim, porém, reais em sua essência.
O quanto de conversa que esses filmes puderam trazer a um casal, a uma família ou a um grupo de amigos, horas depois do seu final. Ou o quanto de pensamentos solitários que passaram pela cabeça de um indivíduo que resolveu ir sozinho ao cinema.
Dá um orgulho enxergar que o cinema ainda está vivo, 107 anos depois. Como um meio de cultura, de lazer, de diversão, e de todos os melhores sentimentos que só um filme pode proporcionar. Obrigada, cine Olympia!