O tempo, sempre implacável, parece que não conta nas ilhas de Belém. Seu Ladir é um exemplo.
Aos 77 anos, o ribeirinho representa bem o cenário de Boa Vista do Acará. Uma das ilhas que cercam a capital do Pará, Boa Vista é verdadeiro paraíso natural, com árvores gigantescas, variedade de frutas, ar puro e tranquilidade decisivos para a preservação de um equilíbrio que pouco se vê nas metrópoles contemporâneas.
“Quando a gente era criança, nossa casa era por aqui, onde fica a trilha. Ficava um bando de moleque brincando aqui por perto da samaúma”, diz o Ladir caminhante, conhecedor das passagens na mata que tanto encantam os turistas.
“Eu trabalho há muito tempo com turismo, há uns 25 anos. Essa trilha faz muito tempo que tem, é meu caminho, as pessoas começaram a conhecer e o turismo chegou”, informa.
Seu Ladir carrega a hospitalidade do paraense. “Eu gosto de receber o turista, queria receber mais pessoas. Eu preservo muito isso aqui, as castanheiras, as samaumeiras, as plantas medicinais e todo o terreno”, afirma.
Nativo da floresta, Seu Ladir aprendeu a desvendar os segredos da natureza: “Eu mostro para vocês as plantas medicinais. Essa aqui é a pião branco; quando tu tem uma ferida brava, tu pega o leite dessa planta, esfrega com força na mão e forma parece uma pomada – e passa na ferida”.
Os turistas gostam de ver as árvores grandes, registra Seu Ladir, íntimo de cada canto da ilha: “Essa aqui é o cupuaçu, típico da região também. Eu digo para eles o que dá para fazer com a madeira, como canoa, falo como se faz o paneiro, a peneira”.
Sorriso aberto, Seu Ladir encanta pela simplicidade: “Quando o turista chega aqui eles fazem uma festa, eles dizem que eu sou a estrela do turismo, eu digo que não. Mas acho que eles gostam porque eu brinco com eles, eu tiro graça, eles ficam muito alegres. Eles ficam impressionado quando eu subo no açaizeiro e eu subo todo dia para apanhar açaí para beber”.
Seu Ladir é gente das ilhas.