A Festa do Sairé, um evento anual realizado na encantadora vila balneária de Alter do Chão, situada a 40 km de Santarém, no oeste do Pará, reúne em si uma intrigante fusão de elementos religiosos e profanos. Com suas raízes que remontam ao final do século 17, quando os padres jesuítas introduziram a celebração durante as missões evangelizadoras, essa festividade é um verdadeiro mosaico de simbolismos que refletem a influência da era colonial. Um símbolo central nesse contexto é o arco do Sairé, que lembra um escudo português e reverencia o Divino Espírito Santo.
Inicialmente, o Sairé consistia em uma procissão que conduzia o Sairé, um símbolo em forma de semicírculo feito de cipó torcido, revestido de algodão e adornado com flores regionais. Ao final do trajeto, uma reza e um banquete festivo eram realizados.
Com o passar dos anos, novos rituais e elementos foram incorporados à festa. A busca tradicional dos mastros, por exemplo, acontece cinco dias antes do evento principal. Trata-se da retirada de dois troncos de árvore da floresta, seguida por uma procissão fluvial até a praia do Cajueiro, onde os mastros aguardam o início da festa.
No dia das celebrações, os mastros são levados em procissão até a Praça do Sairé. Um capitão lidera o cortejo, assemelhando-se a uma arca, recriando um cenário simbólico. Entre os personagens proeminentes da festa, estão juízes, procuradores, músicos e figuras tradicionais que desempenham papéis importantes nessa celebração rica em significado.
A Praça do Sairé se transforma em um espaço onde homens e mulheres ornamentam os mastros com frutas e folhagens, dando início a uma competição. Após os dias de festa, os mastros são retirados, finalizando o ciclo ritualístico.
O Sairé não se limita apenas à celebração religiosa, sendo um festival que abrange rituais religiosos, danças, músicas e encenações, bem como uma intensa programação cultural que reflete a rica diversidade da comunidade.