Círio de Nazaré – A Corda

Círio de Nazaré – A Corda
  24 de agosto de 2023
Fotos: Fernando Sette Câmara – Todos os direitos reservados / All rights reserved

Círio de Nazaré - Belém

Você já se perguntou sobre os mistérios que envolvem a corda do Círio de Nazaré? Essa tradição milenar carrega consigo histórias fascinantes e segredos que conectam gerações. 

A História Entrelaçada:

Em um marco que ecoa com a fervorosa devoção da região, a emblemática corda que conecta Nossa Senhora de Nazaré aos corações dos fiéis! 

Uma História Entrançada com a Fé

A corda do Círio de Nazaré não é apenas um elemento decorativo; ela representa a união entre o divino e o humano. Cada mão na corda é um elo de devoção, representando as preces e os desejos dos fiéis. 

Em 1885, durante o Círio, um evento religioso, a corda ganhou significado, devido a um episódio curioso. Naquele ano, uma enchente proveniente da Baía do Guajará inundou a região costeira, estendendo-se desde as proximidades da Feira do Ver-o-Peso até as Mercês, exatamente no momento da procissão do Círio. Isso resultou no encalhamento da berlinda utilizada na procissão, impossibilitando que os cavalos a puxassem adiante.

Diante desse contratempo, os cavalos foram desengatados e, nesse momento, um generoso comerciante local ofereceu uma corda aos devotos, permitindo que eles assumissem o papel de tracionar a berlinda. Essa ação improvisada teve um impacto profundo, e a corda passou a representar a ligação essencial entre Nossa Senhora de Nazaré e seus seguidores.

Desde então, a corda tornou-se um símbolo intrínseco às festividades do Círio, simbolizando a união espiritual e física entre a santa e os fiéis participantes.

Uma Homenagem de Devoção Compartilhada

Inicialmente, a configuração da corda era em forma de “U”, com ambas as extremidades ligadas à berlinda. Essa estrutura permaneceu inalterada até o ano de 2003. No entanto, em 2004, devido a considerações de segurança, a corda passou por uma transformação, assumindo um formato linear dividido em cinco estações confeccionadas em duralumínio. Essas estações desempenham o papel de proporcionar tração à corda e ritmo às romarias.

Cada uma das estações é habitada pelos “Evangelizadores da Corda”, cuja função consiste em motivar os devotos por meio de palavras de incentivo, cânticos e preces. No cenário atual, o engate da corda à berlinda é realizado de maneira premeditada.

Nos últimos anos, devido à disseminação da pandemia de Covid-19, a corda foi exposta aos fiéis sem a realização das tradicionais procissões de trasladação, que ocorriam na noite de sábado, bem como no domingo, dia do Círio.

No contexto do Círio de 2022, a corda percorreu uma jornada de aproximadamente 15 dias pela estrada, chegando à capital paraense no dia 22 de setembro. Nesse ano, ela retomará seu papel nas duas maiores e mais emblemáticas procissões: o próprio Círio e a Trasladação.