O barco ainda nem zarpou da Praça Princesa Isabel, no sul da capital paraense, e já se avista uma faixa verde no horizonte atrás do Rio Guamá. No barco, o cenário se transforma e, em poucos minutos, os olhos só enxergam céu, rio, casas ribeirinhas e restaurantes em cima de palafitas. A urbanização ficou para trás, e, às margens da água turva do rio Guamá, fica localizada a ilha do Combu.
Veja como chegar à Ilha do Combu.
A ilha do Combu é a quarta maior de Belém, entre as 39 que circundam a capital paraense e um dos destinos turísticos mais procurados pelos belenenses e turistas. Um paraíso de mata virgem que fica a pouco mais de um quilômetro da capital paraense, em uma viagem de 15 minutos pelas águas do rio Guamá. O local oferece diversos bares e restaurantes localizados de frente para Belém e ao longo do igarapé do Combu, que corta a ilha. São cerca de 25 estabelecimentos funcionando na ilha, contudo, outros abrem para o atendimento em época de férias, e o número pode chegar a mais de 30 bares e restaurantes em funcionamento.
Cardápio – Os cardápios dos restaurantes privilegiam os peixes da região amazônica, açaí e sucos de frutas nativas, muito atrativos aos frequentadores. Há locais que contam, ainda, com espaços criativos, como piscinas naturais, trilhas, música ao vivo, playground para crianças, redários e, claro, muita tranquilidade.
A visitante Natascha Siems, de 43 anos, é frequentadora assídua da ilha e diz que ama a paz que o lugar proporciona. “Brinco que quando venho para cá os problemas ficam no meio do rio. Eu me esqueço de tudo”, comenta. “Aproveito muito o contato com a natureza, com o rio. O Combu é o melhor programa de lazer, me sinto revigorada aqui”, completa Siems.
Chocolate – Um dos atrativos mais famosos do Combu é a Casa de Chocolate da Ilha do Combu. O estabelecimento, comandado pela família de Izete Costa, a dona Nena, tem mais de uma década de funcionamento, sendo a maior fonte de renda da família. “Desde 2006, trabalhamos com a fabricação do nosso chocolate, enquanto que, antes, nós só vendíamos o cacau”, explicou dona Nena, que viu a oportunidade de ajudar a família e a comunidade com a comercialização do chocolate.
A empresária conta que com o passar dos anos, o empreendimento foi crescendo e atualmente, o estabelecimento oferece outras opções para os clientes. “Nós temos o pacote de passeio pelo terreno da casa, que é agendado. Guiamos as pessoas por uma trilha de 500 metros e deixamos os visitantes fazerem sua própria barrinha de chocolate e levar para casa”, destaca.
Para quem vai conhecer o local sem agendar, o estabelecimento criou uma visita “rapidola”, que dura de 10 a 15 minutos, e mostra parte do terreno, a estufa e a fermentação do cacau, além dos processos utilizados para a produção do chocolate.
Saldosa (com L, mesmo) – O restaurante mais conhecido da ilha do Combu, o Saldosa Maloca (com L mesmo), é um sucesso desde que abriu. Um lugar rústico e cheio de atrativos que convidam o turista a explorar, não só a culinária local, mas um pouco de mata virgem e se encantar com a samaumeira de mais de 100 anos, que domina a paisagem do local.
Se quiser artesanato, blusas e outras lembranças típicas do Pará para levar para família, também tem. Além disso, dependendo da época do ano, outras atividades como rapel e slackline são oferecidas pelo estabelecimento, especialmente, durante o chamado verão amazônico, de julho a dezembro.
Ainda no igarapé do Combu, outros restaurantes são encontrados, como o Nossa Maloca, no qual se pode curtir uma piscina de água corrente e pegar um “bronze”.
Pra quem gosta de jogar futebol, o restaurante Sabor da Ilha é uma ótima opção, ele oferece campo para os visitantes jogarem uma “pelada” e ainda conta redes para curtir um ventinho e descansar depois da partida.
Quem procura uma aventura, restaurante Elohim oferece ao cliente, além de comida gostosa, uma trilha guiada que dura 40 minutos, que se faz a pé pelo terreno do restaurante.
Informações – Conheça os detalhes e outras informações sobre os bares e restaurantes mais procurados e visitados da ilha do Combu.
ALÉM DO COMBU
Quando se pensa no lazer e diversão que são proporcionados nas ilhas de Belém, muitos se lembram, de imediato, da ilha do Combu. Mas do outro lado do rio Guamá há lugares pouco conhecidos e ainda não explorados, como as ilhas do Papagaio, do Maracujá, Murutucum, ilha Grande e comunidade Boa Vista, que pertence ao município do Acará, mas é tão próxima que quase pode ser considerada parte de Belém.
Se os destinos dos visitantes são outros, o ponto de saída continua sendo o porto da praça Princesa Isabel, no bairro da Condor. Em poucos minutos de travessia de barco, o visitante entra em contato com uma natureza exuberante, muita tranquilidade e vai aproveitar a culinária típica amazônica ofertada em bares e restaurantes localizados às margens dos rios e furos que cortam essas ilhas.
Boa Vista – “Quando os visitantes chegam aqui fazem festa, eles dizem que eu sou a estrela do turismo, mas não concordo. Acho que gostam da forma como brinco com eles, e ‘tiro graça’. Ficam impressionados também quando subo no açaizeiro e faço isso todos os dias para apanhar açaí”, conta ‘seu’ Ladir, de 77 anos, morador da comunidade de Boa Vista, desde que nasceu. Ladir é um senhorzinho simpático, que conduz visitantes pelo terreno da família, há mais de 20 anos, e sempre com sorriso no rosto.
Pela trilha que preserva, ele mostra plantas medicinais e ensina o que precisa ser extraído de cada uma para fazer remédios naturais. “Essa aqui é a pião branco. Nós pegamos o leite dessa planta, esfregamos bem até formar uma pomada e passamos em feridas”, ensinou seu Ladir, enquanto caminha pelo terreno.
Explorando ainda mais o local, chegamos a samaumeira centenária. ´Seu’ Ladir senta nas imensas raízes da árvore e conta histórias de quando era criança. “Quando eu era criança, nossa casa ficava aqui onde agora passa a trilha. Ficava um bando de moleque brincando aqui”, relembra.
A comunidade de Boa Vista também é a casa da dona Vera, de 54 anos, que tem dentro de sua casa um espaço de venda de produtos extraídos da ilha. O principal deles é o chocolate em barra 100% cacau, assim como nibis (pequenos pedaços de amêndoa de cacau torrados e triturados) produzidos por ela mesma. Além disso, Dona Vera vende artesanato e óleos retirados de árvores amazônicas. “Nós também vendemos o óleo de andiroba e copaíba que são usados como cicatrizantes, o breu branco, que serve para fazer colônia. Temos cheiro do Pará, a priprioca e mel de abelha”, falou orgulhosa.
Outras ilhas – Percorrendo os caminhos do rio encontramos as ilhas do Papagaio, Maracujá, Murutucum e Grande que são cortadas por furos e guardam paisagens raras. Antes de amanhecer o dia, pelas águas calmas da baía do Guajará, se chega à ilha dos Papagaios, que faz jus a esse nome, por abrigar milhares de pássaros dessa espécie.
Quando os primeiros raios de sol alcançam a ilha começa o espetáculo. As aves saem do ninho, sobrevoando o local de forma cadenciada e não se ouve mais, além do barulho feito por eles, é como se estivessem agradecendo pelo dia que está nascendo. É possível assistir a esse espetáculo ao final do dia, também, quando eles voltam para casa.
Pertinho da ilha dos Papagaios estão o furo e a ilha do Maracujá. Durante o caminho pelo furo do Maracujá, a névoa sobre a água traz um ar de mistério para o furo, o barulho da floresta nativa fica mais audível e os olhos atentos a tudo que está em volta, possibilitando admirar uma paisagem diferente a cada raio da luz do sol que escapa por entre as árvores.
Restaurantes – Na ilha do Murutucum e Grande, os restaurantes Ilha Branca e A Ilha são a pedida e proporcionam um contato mais intimista para os visitantes, por ficarem um pouco mais afastados de Belém.
O furo São Benedito é um dos locais onde se localizam restaurantes rústicos e com uma cozinha muito peculiar e saborosa. O furo da Paciência divide as ilhas do Combu e Murutucum, e nesse local os bares, restaurantes ao longo do furo atraem dezenas de visitantes.
Navegando pelo furo da Paciência, as casas coloridas dos ribeirinhos revelam o projeto Street River, a primeira galeria a céu aberto da Amazônia, grafitadas por dezenas de artistas de várias regiões do Brasil. Eles retrataram por meio do grafite o modo de vida das comunidades ribeirinhas.