Crônica da cidade – Existe amor em Belém

Crônica da cidade – Existe amor em Belém
  27 de fevereiro de 2019
Coordenação de textos: Antonio Carlos Pimentel / Redação: Sue Anne Calixto / Fotos: Fernando Sette Câmara – Todos os direitos reservados / All rights reserved

Um sábado de manhã. Típico dia que poderia ser usado para dormir até mais tarde. Mas nesse dia, não. Esse sábado em especial seria usado para fazer um passeio pela história de Belém.

Eu não sabia ao certo o que esperar de algo assim. Ao chegar, tinham cerca de 200 pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. O primeiro ponto de encontro foi no Forte do Presépio, bem ali, onde a cidade de Belém começou.

Um professor de história apaixonado por contar histórias. Enquanto os caminhos são traçados, ele pede para imaginar e por alguns segundos é como se vivêssemos na época em que Belém não passava de uma rua. Literalmente.

Chega o momento de escutar a aula, mas o passo mais importante seria o de deixar a imaginação solta, não como meio de fuga do assunto principal, mas para que cada participante desta caminhada pudesse viver, lembrar, imaginar e sentir tudo o que o passeio tem a oferecer.

Então, o professor nos leva para a que foi a primeira rua da cidade, atualmente conhecida como Siqueira Mendes, para traçar o caminho que Belém era no início. Dá pra imaginar que em 12 minutos era possível ir de um extremo a outro da cidade? Da espada à cruz, do Forte do Presépio à Igreja do Carmo.

Ao caminhar, você se pergunta o quanto de história existe por ali, quem viveu naqueles prédios históricos, quais as suas histórias. E será que as pessoas que vivem naqueles casarões têm noção da importância destes lugares para a preservação da memória da cidade?

Em determinados momentos, o professor nos fazia pisar em locais que já foram importantes pontos do passado. Com a riqueza de detalhes que faz parte da sua narrativa, é possível viajar através da imaginação e enxergar as construções de prédios que estavam presentes ali, muitos anos atrás.

A caminhada se estendeu pelas ruas da cidade e enquanto isso, o professor continuava a contar as histórias. Histórias do cotidiano de um passado. Histórias tão bem contadas que parece que o locutor de fato vivenciou tudo aquilo, seja como protagonista ou espectador. Especulações fruto da imaginação sim, mas talvez este seja o segredo para o passeio marcar tanto.

Uma das últimas paradas da caminhada foi no Palácio Lauro Sodré. A verdade é que muitos conhecem o prédio onde fica a Prefeitura de Belém, o Antônio Lemos, mas nem todos prestam atenção ao belo palácio que existe ao seu lado, onde atualmente está o Museu do Estado do Pará.

O final da caminhada deixou a todos com um gostinho de “quero mais”. Ficou no ar um sentimento de ansiedade, mas não de um modo ruim. Uma sensação de querer participar dos próximos passeios, por saber que Belém ainda tem muito mais para mostrar.

O passeio não foi o primeiro, nem o último. Assim como os trajetos podem ser mudados e as histórias serão diferentes. O que não muda é um professor querendo ensinar, e alunos querendo aprender.

De tudo, houve duas coisas que mais me chamaram a atenção. A princípio, a intenção de demonstrar que Belém vai muito além dos principais pontos turísticos da cidade. Tem muito a ser conhecido dentro das ruas que cortam a Cidade Velha. O segredo é se permitir.

A segunda coisa que despertou a minha atenção foi enxergar as pessoas sem medo e aproveitando cada detalhe do que aquele momento tinha a oferecer. Eu vi pessoas reunidas, esquecendo por alguns instantes que Belém está tão perigosa e usando câmeras e celulares para fotografar, olhando e admirando cada detalhe daquela caminhada. Esquecendo também que o calor existe e apenas curtindo e descobrindo mais sobre a cidade em que vivem.

Os olhares apaixonados de todos os presentes só me mostravam uma coisa: Ainda existe amor em Belém.